quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Amor

Por que me foi dado viver de amor se tenho de sofrer por ele, e hei de morrer por ele? Quisera eu poder apenas viver de amor enquanto mulher, mas há homens que fazem mulheres sofrerem por possuí-lo. Quando se gosta de um homem e se deixa envolver mulher, saiba que enquanto mulher apaixonada por esse homem pode vir a arrepender-se, e isso só pode ser por frieza desses hoemens, ou nós não sabemos escolher? Sim, nós mulheres sabemos ver que homem é bom pra nós, ou só nos aproximamos dos que nos farão sofrer? Melhor, talvez, seria não amar, mas quem manda não mandar no coração? Quisera eu saber de antemão se este ou aquele homem me faria sofrer, jamais me magoaria outra vez, também pudera, seria fácil de mais, e nada fácil assim deveria valer a pena possuir.
Mas poetas de todos os tempos já apresentavam formas indefinidas de definir o amor. Por mais que se diga clichê, é mesmo no soneto de Camões que se dá uma das definições de amor que mais gosto, digam o que disserem.

Amor é fogo que arde sem se ver
Luiz Vaz de Camões


SONETO
"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?"

"Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"... sei que bobagens ocorreram, mas toda vez que passo por essa ultima estrofe não posso deixar de lembrar que amor também se desfeche em saudade, saudade que eu já senti e que evito ser vítima outra vez, mas que, sei um outro poema que diz isso bem, e apesar de grande poeta brasileiro a população brasileira, em sua grande maioria, o ignora por ser tão pouca a valorização literária de nosso país mesmo entre os nossos, este ultimo se chama Gregório de Matos, que mostrou-me ao menos a face cruel que é a saudade e o que ela pode fazer do amor.

Aos afetos e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem
Gregório de Matos Guerra

SONETO
"Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido;

Tu, que um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.

Se és fogo, como passas brandamente,
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria."

Sei sim, bobagem recorrer ao que os antigos pensaram não acha? Mas por que seria se Amor em sua essência não mudou, pelo menos isso é o que eu penso.
Só resta agora resolver minhas dívidas com o Amor, e um dia hei de quitá-las.
Obrigada pela audiência e volte sempre.

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