domingo, 3 de abril de 2011

Uma carta

Brasília, 03 de Abril de 2011

Amor;

Medo, que que o medo faz com agente?

Tive medo, me afastei, não queria comprometer nossas vidas nessa loucura, que foi que fizemos?

Somos jovens e estamos muito longe da vida que sonhamos pra nós mesmos. Não queria dizer, tive medo de te magoar, mas é verdade. Não sei como dizer, então estou escrevendo.

Fiquei lembrando das coisas daquela época, era tão mais simples, mas hoje, e agora?

Nunca pensei que fosse me pegar tanto, mas preciso disso, não deixo de te querer ao meu lado, mas quanto mais eu penso, mais isso tudo parece uma loucura que não tenho coragem de participar.

Não quero que você deixe esse sentimento morrer, mas não sei o que fazer para mantê-lo vivo dentro de você.

Ainda quero te ver, te segurar e te abraçar forte contra o meu corpo, mas fico tão preocupada com o que vem depois disso.

Não quero te magoar, e sei que você tem medo por você, e eu entendo isso agora.

Eu mais que ninguém me entrego de peito aberto para tudo, mas e depois? O que vai ser depois?

Minha pouca experiência me diz que vai ser um trauma pra nós dois, ou isso vira uma doença, ou pode causar-nos uma decepção que jamais sonhamos descrever. Que pode ser isso nas nossas vidas, amor?

Eu me sinto covarde, tive de me concentrar tanto para poder ver claramente o que estávamos fazendo que precisei de um tempo pra mim, sem nenhuma palavra ou qualquer combinado já estávamos marcando nossos encontros, tinham hora e local certos, eu me senti muito pressionada quando notei que estava (a meu ver) me entregando tanto assim, como já há muito tempo eu não deixava.

Sei que você ficou preocupado comigo, pude notar, mas não pude evitar me esconder dessa maneira, todos têm pontos fracos, e este é o meu, meu coração maltratado de mais em menos de duas décadas e tenho medo sim do que isso vai fazer com ele. Mas, mais que isso, tenho medo do que isso pode fazer com você. Sei que pode parecer uma visão muito feminista mas, apesar do exterior muito sólido, os homens tendem a descartar, não lidar ou silenciar seus corações, e isso depois de anos faz mal ao psicológico do indivíduo. Não quero ser, na sua veda nem na de ninguém mais, esse tipo de recordação dolorosa.

Tenta me entender, quero que você venha sim, não mude de idéia agora, mas quero que saiba exatamente onde está pondo os pés.

Quero que venha falar comigo depois de ler isso, amor.

Com muito carinho

Gabriella